quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

HABILIDADES


Habilidade é a capacidade treinada de alguém conseguir atingir com êxito um determinado objetivo.
Isto significa que toda habilidade no ser humano é produto de um aprendizado, e, portanto, adquirido somente através da experiência.
Significa, também, que pode ser a capacidade de deixar de fazer algo com sucesso, de fracassar, por ser esse o objetivo.
Uma pessoa pode ter habilidade para entrar lentamente em uma depressão; para ter total incapacidade de ganhar dinheiro, ou; para não conseguir manter uma relação que funcione.
Um indivíduo do tipo fracassado tem grande habilidade em fazer com que as coisas não funcionem. Quando sentimos pena e pensamos que ele não teve opções na vida, corremos o risco de entrar no campo de sua influência e nos colocarmos em efeito das desgraças que lhe acontecem.
Se olharmos atentamente à nossa volta, encontraremos pessoas que, em diferentes graus, acreditam que devem ser ajudadas em seus dramáticos e gigantescos problemas. Situam-se em um nível inferior, não se dispõem à mudanças e pressionam os outros para que as ajudem a qualquer custo, solicitando companhia, necessitando de dinheiro ou manifestando doenças.
Esse nível em que estas pessoas se situam é o nível do DEVEM CONTRIBUIR COMIGO, e, quem aí se coloca tem um controle energético poderoso: maneja sua decisão de não mudar e levam as pessoas com as quais se relacionam a se sentirem na obrigação de ajudar, queiram ou não, mesmo quando já tenham prometido a si mesmas ter sido “aquela a última vez”.
Elas se colocam no fundo do poço para exercer esse poder de não fazer qualquer mudança. De onde estão, começam a impor a amigos e companheiros que as banquem como estão.
O “brejo emocional” onde se encontram suga toda a energia à sua volta, sem dar nada em troca, e, por mais que as pessoas usem de força e afeto para tirá-las desse lugar, nada conseguem, nada mudam.
Quando alguém desce à esse nível, relaciona-se com os demais de tal forma, que estes não têm outra opção que aceitar seus poderosos “não me exijam”, “não me amolem”, “não me falem nada”, “nada posso fazer”, “devem aceitar-me como sou”, “faça por mim porque você pode e eu não”, enquanto assumem a responsabilidade de continuar “tentando” movê-lo.
A total incapacidade para dar, aliada à uma incansável capacidade de tragar a energia em volta, tem poder sobre a realidade e destrói qualquer possibilidade de comunicação e mudança.
Quando nos quedamos submetidos à rede de influências de alguém assim, estamos nos relacionando através de uma simbiose patológica, onde assumimos o papel de PROVEDOR e ele de RECEPTOR.
O RECEPTOR atua de forma colinérgica, anabólica e introjetiva. Isto quer dizer que ele atua de forma passiva, nutrindo-se, construindo-se, fortalecendo-se, enquanto o PROVEDOR atua de forma adrenérgica, catabólica e projetiva, esvaziando-se, enfraquecendo-se, “queimando-se” nesse processo de transferir sua energia para o outro.
Nesse processo, a pessoa que mais sofre, que mais se queixa, que mais protesta, que tem maior debilidade, termina destruindo aquela que aparentemente é mais forte, mais saudável e mais capaz.
Daí, podemos perceber que o PROVEDOR está pondo em risco o seu território, sendo imperiosamente necessário que saiba defender-se, pondo limites e evitando colocar-se como cúmplice ou sob as influências dos manejos do RECEPTOR, sem deixar de se interessar pelo outro e pelos problemas do outro.

(Texto constante do livro Ecologia Humana nos Relacionamentos de Sandoval Barretto - Editora Biblioteca 24x7).

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