quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

BRINDES


Brindo ao homem que acorda cedo,
se veste de coragem e determinação,
para enfrentar o ônibus cheio, o engarrafamento,
o receio de chegar atrasado e perder o emprego,
a labuta diária, a pequenez do “grande chefe”,
e à noite se veste de carinho e afeto
para dançar com a esposa e os filhos,
o louvor por mais um dia de vida.

Brindo à mulher, heroína anônima,
que, por cima da roupa de esposa e mãe,
também veste a de operária, de passageira,
de paciente, de temerosa e às vezes aflita;
que defende seu espaço e sua dignidade;
que humilde, não se deixa humilhar;
que consegue gerar energia,
após duas ou mais jornadas,
para vestir-se de festa e comemorar
o aniversário da amiga ou fazer o filho adormecer,
viajando estórias.

Brindo ao meu povo, o povo brasileiro,
(a grande maioria) sofrido, sem escola,
sem saúde, sem casa, sem dinheiro,
acalentando sonhos, cavalgando a esperança
de dias melhores.
Brindo para que ele - como uns poucos o fazem
perceba que tem poder de se unir e lutar
para construir sua própria realidade
e realizar seus sonhos,
em vez de esperar passivamente que isto aconteça,
enquanto vai trocando voto por sapato,
sangue por pão e circo.

Brindo às crianças – filhas do futuro
e reflexo daquilo que somos.
Brindo para que elas apanhem
na mesa que lhes servimos,
a coragem, a determinação,
a ética e a solidariedade,
lá deixando nosso egoísmo,
manipulações, desonestidade e ignorância.
Brindo para que elas
saibam voar muito mais alto
do que jamais pensamos ousar.


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