segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PILOTO AUTOMÁTICO - Parte I


Você já se perguntou como interage com o mundo à sua volta e com as pessoas com quem se relaciona? Como responde a cada estímulo que recebe a cada momento? Como define o que gosta e o que não gosta?
Nós respondemos à grande maioria dos estímulos que o mundo externo nos apresenta, buscando informações da memória, informações que nos definem e aparentemente facilitam as coisas para nós. Digo aparentemente, porque essas respostas são feitas por uma espécie de “piloto automático”, cujas escolhas são baseadas no passado, não tendo, em muitos casos, qualquer relação com o momento presente.
Vou agora utilizar e adaptar um trecho de uma abordagem de Rubia A. Dantés, para melhor clarificar o que pretendo dizer: Parece que já somos tão definidos que nem ousamos estar no aqui-e-agora, para não correr riscos. Quase nunca nos damos a oportunidade de experimentar o presente, porque já respondemos a ele buscando na memória o que supostamente somos. Já temos prontas reações para as muitas situações do dia-a-dia, armazenadas na memória. Agimos, ou melhor, reagimos à vida baseados no nosso sistema de crenças.
Isto acontece porque fomos levados a crer que para sermos aceitos e amados precisaríamos nos adaptar às expectativas dos outros. Aprendemos a nos adaptar à regras que expressavam o que era a verdade para nossos pais, para a sociedade, para as muitas religiões, regras essas que quase nunca levavam em conta a nossa verdadeira natureza.
Esse caminho de nos moldar às expectativas dos outros e ter que seguir padrões, pode nos ser imposto de forma invasiva e agressiva ou pode ser colocado de forma tão sutil que nem percebamos.

É claro que algumas vezes nos rebelamos tentando sair dessa prisão, mas, na maioria das vezes, essa suposta libertação nos levou a ser o oposto daquilo que esperavam de nós, o que também é uma prisão, porque nos distanciou de nossa própria natureza. Quando nos adaptamos para seguir o que esperam de nós ou o seu contrário, ficamos presos ou limitados da mesma maneira, porque a nossa referência vem de fora. Quando seguimos algum modelo predeterminado, isso por si só já nos impede de ser quem somos...

Quem sou eu? Quem são os outros que me rodeiam?

Para responder às questões acima, vamos apresentar, de forma superficial, os conceitos de estrutura e funcionamento da personalidade, na ótica da Análise Transacional, teoria de psicologia e filosofia positiva de vida, criada por Eric Berne.
Vamos fazer essa apresentação através de dois personagens, Bônus e Malus, que são irmãos gêmeos.
Para que algo novo surja ou seja criado faz-se necessário o encontro de duas realidades de naturezas opostas. Por exemplo, para que surja a luz, faz-se necessário o encontro das polaridades positiva e negativa da eletricidade. A história da humanidade, as religiões, as tradições místicas, etc, nos falam dessa dupla polaridade: Céu e inferno, Deus e diabo, Caim e Abel, noite e dia, Yin e Yang, etc. A própria Terra é um exemplo da mesma: Pólo Norte e Pólo Sul. Como não poderia deixar de ser, já que o Universo é caracterizado por essa dupla polaridade, ela está presente no ser humano (corpo e mente, físico e espiritual), assim como na sua personalidade, que aqui representamos por Bônus e Malus – a eterna luta entre o bem e o mal, entre Eros e Thánatos, entre o Bem-estar e a infelicidade.
Bônus e Malus fazem parte de mim, de você, ou de qualquer outra pessoa.

Quem sou eu:

Inicialmente, dizemos que personalidade é a maneira habitual como uma pessoa sente, pensa, fala e atua frente ao meio externo, para satisfazer as suas fomes básicas, as suas necessidades. Pensar e sentir é o nosso comportamento subjetivo, interno, privado; falar e atuar (agir), é o nosso comportamento objetivo, externo, social, observável.
A personalidade tem uma estrutura compreendendo três dimensões ou aspectos, que são:
Aspecto Parental – é o componente aprendido, pela criança, dos pais ou figuras representativas de autoridade (por modelagem ou sugestão); ele é apreendido na medida em que a criança interage com eles ou observa o que dizem ou os seus comportamentos; é o componente moral da personalidade: ele é composto pela moral, tradição, cultura, julgamentos, preconceitos, etc. Uma das funções do Aspecto Parental é a auto-proteção.
Aspecto Racional – é o componente racional da personalidade – aquele que raciocina diante do estímulo recebido, comparando com as informações internas (do Estado Parental ou do Estado Emocional), processando-as, emitindo a partir daí uma resposta. Este aspecto da personalidade é desenvolvido na medida em que a criança vai interagindo com o meio externo (descobrindo o mundo). A principal função do Aspecto Racional é o auto-abastecimento, que é a habilidade para realizar um trabalho, compor uma música, ganhar dinheiro, etc.

Aspecto Emocional – é o componente biológico da personalidade; nascemos com ele. Ele é composto pelos instintos (fome, sede, sexo, etc), pela curiosidade, criatividade, emoções, energia e intuição. A principal função do Aspecto Emocional é a auto-realização.

Esta estrutura (Parental, Racional e Emocional), funciona da seguinte forma:
Inicialmente, o Aspecto Parental se subdivide em: Crítico e Nutritivo.
Aspecto Parental Crítico:
Função Positiva: Protetora; Função Negativa: Perseguidora
Aspecto Parental Nutritivo:
Função Positiva: Permissora; Função Negativa: Salvadora

Aspecto Racional:
Função Positiva: Integradora e atualizada; Função Negativa: Contaminada e desatualizada

O Aspecto Emocional se sub-divide em: Livre, Intuitivo, Adaptado e Rebelde.
Aspecto Emocional Livre: Função Positiva: Espontaneidade; Função Negativa: Manipulação
Aspecto Emocional Intuitivo: Função Positiva: Intuição, criatividade; Função Negativa: Superstição
Aspecto Emocional Adaptado: Função Positiva: Adaptação, adequação; Função Negativa: Inadequação, vitimização
Aspecto Emocional Rebelde: Função Positiva: Rebeldia justa; Função Negativa: Rebeldia
sem causa


Nas próximas postagens vamos aprofundar essa questão, abordando cada uma dessas funções.

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